O presente capítulo na série de artigos relacionados a “Forense Digital aliada no combate às Fake News e Desinformação no Contexto Eleitoral”, se concentrará em como explorar uma das mais antigas rede social ainda em operação, o Twitter, visto que apresenta-se consolidado como uma plataforma para as atividades políticas, criando um canal para a interação entre políticos e eleitores. Além disto, o Twitter se constitui como importante meio para o ganho de popularidade com fins eleitorais.

Twitter

O Twitter foi fundado em março de 2006 por Jack Dorsey, Evan Williams e Biz Stone, nos Estados Unidos. Como companhia isolada desde 2007, a plataforma oferece aos usuários um espaço para conversação e compartilhamento de conteúdos escritos, fotografias e vídeos. Além disso, uma das principais ferramentas do Twitter, os Trending Topics, disponibiliza aos usuários os assuntos mais falados do mundo no momento.

Atualmente, o microblog está disponível em cerca de 35 idiomas e conta com 316 milhões de usuários ativos todos os meses. O serviço pode ser acessado pelo próprio site da empresa e em dispositivos móveis como aplicativo.

Para dar conta da demanda, a companhia conta, hoje, com 35 escritórios em todo o mundo, com diretrizes que incluem a liberdade de expressão, transparência e segurança aos usuários.

No Brasil, o Twitter ganhou popularidade em 2008, mas a plataforma só recebeu versão em português um ano depois. Em 2012, a companhia inaugurou seu primeiro escritório físico em terras brasileiras. Hoje, a companhia tem uma sede em São Paulo e outra no Rio de Janeiro.

Twitter como espaço de campanha eleitoral

Considerando que o Twitter se constitui como uma importante ferramenta para o ganho e popularidade com fins eleitorais, a ferramenta passa a ser incorporada no marketing político, e os candidatos e agentes políticos, passam a utilizar esta ferramenta para divulgação de suas agendas, de suas campanhas eleitorais, bem como para a exposição de sua imagem através de fotos e vídeos. Portanto, estabelecem uma comunicação direta e sem filtros, entre o candidato e o eleitor, tendo a capacidade de mobilizar o eleitorado e uma rápida disseminação da informação (PARMELEE; BICHARD, 2012).

Entre as principais funções disponíveis, visando o compartilhamento de conteúdo, destacam-se: a possibilidade de postar mensagens, ou seja, emitir um tweet; compartilhar um tweet postado por outro candidato, por meio da função chamada retweet (RT); é possível favoritar (favourite) algum tweet emitido; mencionar (@mention) outros usuários; e responder esta menção através do @reply (PARMELEE; BICHARD, 2012).

Outra possibilidade no Twitter é a utilização de hashtags (designado pelo símbolo #), que é a postagem de alguma palavra após a utilização da cerquilha, ou seja, a rotulação de alguma situação, #exemplo. Esses rótulos anexados, podem representar características ligadas a uma cultura participativa, pois as hashtags são criadas por usuários do Twitter e podem ter várias finalidades, desde declarar apoio a algum candidato (#fulanopresidente) ou até representar a reprovação de algo (#forasicrano) (DAVIES, 2013).

A principal vantagem da utilização de hashtags é a possibilidade de categorizar e agregar as palavras postadas. Para exemplificar seu uso, quando uma emissora realiza um debate, ela cria uma hashatg, por exemplo, #eleições2022. Todas as postagens que utilizarem esta tag podem ser agrupadas e com isso é possível verificar o que as pessoas estão falando sobre esta palavra-chave. É por meio do uso de hashtags que se criam e localizam as termos virais no Twitter, bem como quais são os assuntos mais falados no momento, os trending topics.

Protocolo de Investigação

O modelo de investigação digital apresentado neste artigo, baseou-se na metodologia OSINT (Open Source Intelligence), que envolve o processo de coleta, análise e uso de dados de fontes públicas para propósitos inteligentes.

No decorrer deste artigo, serão ilustradas apenas técnicas introdutórias sobre as etapas iniciais do processo investigação, para isto, fora utilizado o perfil do ator Americano Terry Crews (https://twitter.com/terrycrews).

Coleta de Dados sobre Perfil investigado

Igualmente aos procedimentos realizados nas redes sociais apresentadas, a partir da apresentação do perfil ou postagem a ser investigada, deve-se reconhecer o “ID” sobre o Perfil investigado. Cada usuário possui um identificador único na plataforma do Twitter, que por sua vez deve ser apresentado junto com o Nome de Usuário.

Atualmente, existem várias ferramentas web para se identificar o “Twitter ID” sobre qualquer perfil no Twitter, onde, aqui, serão ilustradas duas ferramentas web:

O tweeterid.com, ferramenta WEB que possibilita a identificação do ID referente ao perfil investigado. Nesta etapa do processo de investigação, a URL referente ao Perfil Alvo foi submetido a consulta de seu Facebook ID, através do site https://tweeterid.com/, resultando a identificação do Facebook ID 16305370, conforme ilustrado na figura baixo.

Outra alternativa (esta mais completa), o Find-twitter-id, igualmente possibilita a identificação do ID referente ao perfil investigado, aferramenta também informa quando o perfil foi criado, seu acesso pode ser realizado através da URL – https://codeofaninja.com/tools/find-twitter-id/

Coleta de Dados relevantes sobre a evidência digital

Conforme mencionado anteriormente, e diferentemente de outras redes sociais, a principal forma de postagem de conteúdo no Twitter é por meio dos tuites, onde podem conter uma mensagem de texto, mencionar outros usuários ou a rotulação de conteúdo por meio dos hashtags, e até mesmo a divulgação de conteúdo através de imagens e vídeos.

Extraindo foto de perfil

A representação de propaganda irregular na internet, deve, quando possível, incluir a maior quantidade da dados. Visando a coleta sobre a foto do Perfil investigado, devemos extrair uma imagem em tamanho real. Para fazer isso, utilizando o navegador de internet, clique com o botão direito na página e posteriormente em “Inspecionar”. Será aberto o recurso “Ferramentas de Desenvolvimento” diretamente na aba “Elements”, onde deveremos proceder com a busca das evidências desejadas.

Ao identificar a URL referente a objeto desejado. Esta URL é o que precisaremos incluir como foto de perfil sobre o perfil investigado, bem como a possibilidade em proceder com a sua coleta. Complementarmente, em uma investigação mais avançada, o tamanho real da imagem, pode ser muito melhor em uma pesquisa reversa de imagens, seja via Yandex ou imagens do Google.

Adicionalmente, no Twitter, podemos examinar  também a URL referente a foto de capa sobre o perfil investigado, e caso necessário, proceder com a sua coleta. Procedendo de maneira semelhante a metodologia utilizada na coleta da Foto de perfil.

Extraindo um vídeo no Twitter

Capturar e preservar o conteúdo da mídia é uma parte essencial da maioria das investigações OSINT. Objetivando exemplificar a apresentação de dados relevantes sobre coleta da evidência digital, fora utilizada como amostra uma postagem em vídeo publicada através da URL https://twitter.com/terrycrews/status/1438314718762921984.

Existem várias ferramentas disponíveis para executarmos essa coleta, neste amostra trabalharemos com o Dataxploit YouTube-dl. Apesar do nome, o YouTube-dl é um programa de linha de comando capaz de capturar vídeos rapidamente de uma variedade de redes sociais, incluindo YouTube, Facebook, Twitter, LiveLeak e muitos outros, seu acesso pode ser realizado através da URL https://github.com/ytdl-org/youtube-dl.

Após instalado o Dataxploit YouTube-dl, basta executar o download da evidência digital. Por meio de linha de comando no terminal Linux, precisaremos apenas informar a URL da evidência digital (URL incorporada ao Twitter).

Neste exemplo fora executado o comando adicionando a string “–write-info-json”, visto que este parâmetro indica a caprura dos metadados do vídeo em um arquivo “.json”.

Examinando o arquivo JSON, foram identificados alguns metadados relevantes sobre a evidência digital:

id: 1438314718762921984

title: terry crews – Who’s enjoying the show so far!?? #AGTFinale

description”: Who’s enjoying the show so far!?? #AGTFinale https://t.co/hy5Uv5lSoA

uploader: terry crews

timestamp: 1631755926 -> convertido para 2021-09-16 01:32:06 (UTC)

uploader_id: terrycrews

uploader_url: https://twitter.com/terrycrews

like_count: 247

repost_count: 4

comment_count: 10

tags: AGTFinale

url: https://video.twimg.com/ext_tw_video/1438314622851842055/pu/vid/320×568/0sKPrXd7cLdZ8Ikb.mp4?tag=12

Conclusão

Visto que o Twitter apresenta-se consolidado como uma das principais  plataformas para as atividades políticas, este recurso também é visto como um campo fértil para a disseminação de fake news. Esse artigo apresentou na prática, o básico sobre os principais pontos de investigação no Twitter frente a disseminação da fake news no contexto eleitoral. Em continuidade a esta série de artigos, no próximo capítulo será abordada outra importante ferramenta do marketing político e eleitoral, o Youtube.

Referências

Scielo. Eleições parlamentares no Brasil: o uso do Twitter na busca de votos. Disponível em <https://www.scielo.br/j/rac/a/R9fZC87tjCyQJ8hb7jKpzmz/abstract/?lang=pt>. Acesso em 29 Set 2021.

Canaltech. Twitter. Disponível em <https://canaltech.com.br/empresa/twitter>. Acesso em 29 Set 2021.

Acervo Digital. Campanhas online e sociabilidade política. Disponível em <https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/54716>. Acesso em 29 Set 2021.


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